Tecnologia assistiva: o que é e como auxilia a indústria criativa?

Entenda qual é a função da tecnologia assistiva e sua importância para a criação de produtos e serviços criativos.

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Você já imaginou como seria a sua vida se você não pudesse ver, ouvir, falar ou andar? Como você se comunicaria, se expressaria, se divertiria, se informaria, se educaria e se profissionalizaria?

Essa é a realidade de, aproximadamente, 18,6 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por isso, a importância de se pensar produtos e serviços para as pessoas que têm algum tipo de deficiência superarem as dificuldades e viverem de forma mais autônoma e inclusiva.

É nesse contexto que a tecnologia assistiva ganha destaque. O termo abrange recursos e estratégias usados para promover a funcionalidade, autonomia, qualidade de vida e inclusão social de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

A indústria criativa engloba áreas como design, arquitetura, moda, publicidade, artes, entre outras. Por isso, pode se aliar às tecnologias assistivas para oferecer soluções acessíveis e personalizadas que utilizem a criatividade e a inovação para atender às demandas desse público, melhorando a qualidade de vida e aumentando a sua participação na sociedade.

Se você quer saber mais sobre esse assunto tão relevante, continue lendo este texto. Você vai descobrir como a tecnologia assistiva pode melhorar o dia a dia das pessoas.

O que é tecnologia assistiva?

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência define as tecnologias assistivas como uma área do conhecimento que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que promovem a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.

De forma mais simplificada, a tecnologia assistiva nada mais é do que uma ferramenta de apoio que facilita a realização de atividades e a participação social de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Ela pode ser classificada em 12 categorias, de acordo com o objetivo e a função da ferramenta. Veja quais são elas e alguns exemplos de produtos e serviços:

  • Órteses e próteses: pernas mecânicas, braços biônicos, implantes cocleares;
  • Ajudas técnicas para a vida diária e vida prática: talheres adaptados, escovas de dentes elétricas, cadeiras de rodas;
  • Comunicação aumentativa e alternativa: pranchas de símbolos, aplicativos de voz, dispositivos de saída de voz;
  • Ajudas técnicas para orientação e mobilidade: bengalas, cães-guia, GPS, sistemas de navegação por voz;
  • Ajudas técnicas para o acesso ao computador: teclados e mouses alternativos, acionadores, softwares de reconhecimento de voz, leitores de tela;
  • Ajudas técnicas para o acesso ao estudo e trabalho: lupas, ampliadores de tela, scanners, impressoras em braile, softwares de sintetização de voz;
  • Ajudas técnicas para atividades de lazer, recreação e esporte: jogos adaptados, brinquedos acessíveis, bicicletas especiais, próteses esportivas;
  • Adaptações do mobiliário e dos espaços: rampas, elevadores, barras de apoio, portas automáticas;
  • Adaptações e modificações em veículos: aceleradores e freios manuais, volantes especiais, plataformas elevatórias;
  • Ajudas técnicas para a adequação postural: almofadas, coletes, cintos, talas, órteses;
  • Ajudas técnicas para a terapia e o treinamento de habilidades: bolas terapêuticas, espelhos, pesos, elásticos;
  • Ajudas técnicas para a vida doméstica e atividades cotidianas: abridores de latas, cortadores de alimentos, alarmes, sensores.
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Quais são os objetivos da tecnologia assistiva?

Agora que você já compreendeu o que é a tecnologia assistiva, vamos esclarecer seus principais objetivos:

Aumentar a independência

A tecnologia assistiva permite que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida realizem atividades sem depender de outras pessoas.

Exemplos práticos: uma pessoa cega pode usar um leitor de tela para acessar informações na internet e uma pessoa com paralisia cerebral pode usar um acionador para controlar um computador.

Melhorar a qualidade de vida

Ela também contribui para o bem-estar físico, mental e social, proporcionando mais conforto, segurança, saúde e satisfação.

Exemplos práticos: uma pessoa com artrite pode usar uma escova de dentes elétrica para evitar dores nas mãos e uma pessoa com baixa visão pode usar uma lupa para ler.

Promover inclusão e acessibilidade

Possibilita que as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida participem de forma mais efetiva e igualitária da sociedade.

Exemplos práticos: uma pessoa com deficiência intelectual pode usar um software de comunicação aumentativa para se expressar e uma pessoa com deficiência visual pode usar um sistema de audiodescrição para assistir filmes.

Promover oportunidades equitativas

Também favorece que as pessoas tenham as mesmas chances de desenvolver suas potencialidades e de alcançar seus objetivos pessoais e profissionais.

Exemplos práticos: uma pessoa com síndrome de Down pode usar um tablet para auxiliar o aprendizado e uma pessoa com tetraplegia pode usar um dispositivo de controle de ambiente para trabalhar.

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Como a tecnologia assistiva auxilia a inclusão na indústria criativa?

Você já compreendeu o que é tecnologia assistiva e quais os seus principais objetivos. Agora, vamos explicar como ela se relaciona com a indústria criativa.

A tecnologia assistiva e a indústria criativa podem se complementar e se potencializar, gerando mais valor, diversidade e impacto para a sociedade. A seguir, vamos dar alguns exemplos de como essa parceria pode ser benéfica para todos:

Linguagem de sinais

A linguagem de sinais é uma forma de comunicação que utiliza gestos, expressões faciais e corporais para transmitir significados. É usada, principalmente, por pessoas surdas ou com deficiência auditiva, mas também pode ser aprendida por quem deseja se comunicar com elas.

A linguagem de sinais pode ser usada na indústria criativa para:

  • Promover a acessibilidade dos produtos do mercado audiovisual, como filmes, séries e programas de TV;
  • Criar produtos e serviços para comunicação, expressão e interação, como aplicativos, jogos, livros e cursos;
  • Incentivar a participação e a representatividade de pessoas surdas ou com deficiência auditiva na produção e na difusão de conteúdos criativos, como artistas, roteiristas, diretores e tradutores.

Exposições táteis

São formas de apresentar obras de arte, objetos históricos, modelos científicos e outros elementos culturais por meio do tato, permitindo que as pessoas possam tocar, sentir e explorar as características físicas, texturas, formas e dimensões dos itens expostos.

A proposta das exposições táteis pode ser usada na indústria criativa para:

  • Promover a acessibilidade de conteúdos visuais, como pinturas, esculturas, fotografias e ilustrações, por meio de réplicas, maquetes, relevos e impressões em 3D;
  • Criar produtos e serviços para aprendizagem e diversão, como jogos, brinquedos, livros e mapas;
  • Incentivar a participação e a representatividade de pessoas cegas ou com deficiência visual na produção e na difusão de conteúdos criativos, como artistas, educadores, curadores e guias.

Apresentações eletrônicas

São formas de apresentar informações, ideias, conceitos e dados por meio de recursos multimídia, como imagens, sons, vídeos, animações e gráficos. Podem ser usadas em diversos contextos, como palestras, aulas, reuniões, eventos e exposições.

As apresentações eletrônicas podem ser usadas na indústria criativa para:

  • Promover a acessibilidade de conteúdos verbais, como textos, discursos, narrações e legendas, por meio de recursos de áudio, como sintetizadores de voz, fones de ouvido e alto-falantes;
  • Criar produtos e serviços que utilizem o áudio como recurso de informação, entretenimento e emoção, como podcasts, audiolivros, músicas e efeitos sonoros;
  • Incentivar a participação e a representatividade de pessoas com deficiência intelectual, dislexia, afasia ou outras dificuldades de leitura e escrita na produção e na difusão de conteúdos criativos, como autores, narradores, editores e locutores.

Emprego do áudio em apresentações diversas

O áudio é um recurso que utiliza o som como meio de comunicação, expressão e sensibilização. Pode ser usado de diversas formas, como música, fala, ruído, silêncio e vibração. Na indústria criativa, pode ser empregado para:

  • Promover a acessibilidade de conteúdos visuais, como imagens, vídeos, cores e formas, por meio de recursos de audiodescrição, que consiste em uma narração que descreve os elementos visuais de uma obra ou cena;
  • Criar produtos e serviços que utilizem o áudio como recurso de criação, inovação e experimentação, como instrumentos musicais, softwares de edição, dispositivos de realidade virtual e óculos de realidade aumentada;
  • Incentivar a participação e a representatividade de pessoas com deficiência visual auditiva ou outras limitações sensoriais na produção e na difusão de conteúdos criativos no mercado da música, como compositores, produtores, designers de som e músicos.

Design para desenvolvimento de peças em tecnologia assistiva

O design é uma atividade que envolve a concepção, o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação de produtos, serviços, sistemas e ambientes que atendam às necessidades, aos desejos e aos valores dos usuários.

O design pode ser usado na indústria criativa para:

  • Promover a acessibilidade de produtos e serviços por meio de adaptações, modificações e melhorias que tornem o uso mais fácil, confortável e seguro para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida;
  • Criar produtos e serviços inovadores que utilizem a tecnologia assistiva como recurso de solução, diferenciação e valorização, como aplicativos, jogos, livros e cursos;
  • Incentivar a participação e a representatividade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida na produção e na difusão de conteúdos criativos como designers, desenvolvedores, inventores e empreendedores.

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