Indústria dos games teve destaque no Rio2C

A bilionária indústria dos games – setor da economia criativa que mais cresce no mundo, faturando mais do que as indústrias da música e do cinema juntas – foi destaque no quarto dia da edição de 2023 do Rio2C.

Além de ocupar seu palco próprio, o Game+, em parceria com o Player1 Gaming Group, o tema apareceu no GlobalStage, que recebeu Bruno ‘PlayHard’ Bittencourt, fundador e CEO da Loud, Jaime Pádua, fundador e CEO da Fúria – duas das maiores empresas de eSports no mundo – e Roberta Coelho, CEO do MIBR – a mais tradicional organização de eSports do Brasil – no painel A Hora e a Vez dos eSports: O Brasil no Topo do Mundo. Ele foi mediado por Nyvi Estephan, apresentadora, atriz e host brasileira de eSport mais requisitada da América Latina.

“Somos organizações esportivas e empresas de entretenimento, com comunidades imensas e apaixonadas”, afirmou Roberta Coelho, referindo-se à sua empresa e as de seus companheiros de mesa. PlayHard ponderou que, apesar de estarem no mesmo ramo e serem competidores, “o mercado amadurece junto”. “As empresas são diferentes, trazem a bagagem de seus fundadores. Produzo conteúdo desde os 13 anos, então a Loud tem essa veia forte.”

Além de repassarem o início de suas carreiras no universo dos eSports, o trio falou sobre as dificuldades que ainda existem, mesmo com a crescente popularização, que faz com que campeonatos fiquem lotados.

“Um ponto que sempre precisamos destacar é que é difícil para uma organização no Brasil competir com times de fora, que têm modelos de negócios completamente diferentes. Apesar de estar crescendo, ainda somos infantojuvenis em comparação com eles. Não temos fundos de investimento colocando centenas de milhares de dólares. Cada vez que competimos com eles e ganhamos, mostramos para o mundo que o brasileiro sabe se virar em eSports”, disse PlayHard.

“A sociedade ainda não percebeu o tamanho do eSport. Ele está cada vez mais mainstream, reunimos milhares de fãs nas competições. A Fúria participou do campeonato mundial de CounterStrike aqui no Rio de Janeiro no ano passado, e foi impressionante”.

(Jaime Pádua, fundador e CEO da Fúria)

Para Roberta, cada vez mais os brasileiros estão entendendo que ser um jogador de eSport é uma profissão, mas que não basta apenas competir.

“Ficar dependente da performance competitiva não vai pagar as contas, por isso muitos times acabam. Assim como a Loud e a Fúria, o MIBR se profissionalizou para atender as marcas não endêmicas que querem entrar nesse universo.”

(Roberta Coelho, CEO do MIBR)

A visão dos publishers de games sobre o estágio atual do setor no país esteve na mesa Business Models – A Evolução dos Modelos de Negócio das Publishers, numa conversa conduzida por Leandro Valentim, Fundador e CEO da Player1 Gaming Group, Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina, e Marcio Milani, business lead da Garena no Brasil.

O mercado mundial de games vale em torno de US$ 200 bilhões, dos quais US$ 120 bilhões vêm de mobile”, afirmou Chaverot. “No futuro, todos os jogos estarão na nuvem, então não haverá tanta diferença entre mobile e console, o poder de processamento estará na nuvem, você só precisará de uma conexão na internet. O conceito de plataforma vai sumir, o que vai importar é a capacidade de criar conteúdo. Quem faz isso bem hoje são os dois líderes em tempo de uso, ‘Fortnite’ e ‘Roblox’. Esse é o futuro.”

Um tema destacado pelos três participantes foi o caráter democratizador e aspiracional dos games, cujo maior exemplo é “Free Fire”, da Garena, que tem uma comunidade que “somada, seria o segundo maior estado brasileiro, acima de Minas Gerais, que tem 20 milhões de pessoas”, segundo Milani.

“O ‘Free Fire’ tem o tamanho atual porque democratizou o acesso para quem não tinha. Não se paga para baixar nem para jogar, funciona em qualquer tipo de celular, consome pouco espaço no equipamento e tem bons gráficos”, explicou Milani.

“Se você perguntar numa favela hoje o que a criança quer ser, 80% respondem streamer ou gamer. Esse é um movimento causado pelos eSports.”

(Marcio Milani, business lead da Garena no Brasil.)

Um dos maiores streamers do Brasil, o mineiro Victor “Coringa” Augusto – cujo projeto Baguncinha, que mistura games, música e metaverso, reuniu mais de 3 mil espectadores presenciais e 1 milhão de espectadores únicos online em sua última edição, quebrando recordes na Twitch – esteve ao lado de Beto Fabri, Sócio e VP da Omelete Company, no painel Game+Entretenimento: Cultura Globalizada e Função Estratégica, com moderação da apresentadora Mari Ayrez. Eles falaram sobre a força dos games para engajamento da geração Z, online e offline.